Eu nunca me perguntei o que seria de mim sem ela. Talvez porque a gente nunca acha que o vazio pode chegar tão de repente, como uma porta que se fecha sem aviso. Um dia, ela estava lá — com aquele jeito de rir que fazia o mundo parecer menos pesado. No outro, só restava o silêncio. Nenhum bilhete, nenhuma palavra, apenas o eco da sua ausência.
Confesso que fiquei parado no meio da sala, olhando para o espaço onde ela costumava sentar, como se pudesse conjurar de volta o som da sua voz. O que a levou embora? O que eu não vi? A culpa começou a cavar seu espaço no meu peito, mas havia algo mais — uma inquietação, como se a verdade estivesse escondida em algum lugar que eu ainda não tinha coragem de procurar.
Talvez a vida seja isso: um punhado de momentos que a gente só entende quando já é tarde demais. Mas, enquanto eu respirava aquele ar que não parecia mais meu, decidi que não ia deixar as respostas escaparem. Não dessa vez.